A mudança no formato de disputa da Série C do Campeonato Brasileiro que foi imposta a partir desta temporada de 2022 fez com que houvesse quase que uma divisão regional entre os participantes na tabela de classificação, mesmo com os antigos grupos A e B juntos e atuando todos contra todos.
As equipes do Sudeste e Sul do país, assim como as do Norte e Centro-Oeste, historicamente tiveram investimentos maiores do que as da região Nordeste para disputar o torneio. Com isso, não é tanta surpresa que houvesse uma vantagem na disputa devido a disparidade econômica entre os times.
Entretanto, tem chamado atenção desde o início do certame, que os clubes nordestinos têm sido sistematicamente prejudicados sistematicamente em decisões “polêmicas” de arbitragem. Gols anulados, pênaltis mal marcados contra e não marcados a favor, a lista de erros não é curta, e acendem o alerta dos dirigentes nesta reta final de primeira fase. Entre os clubes da Paraíba, Campinense, que briga contra o rebaixamento, e Botafogo-PB, que luta pela classificação para o quadrangular do acesso, temem que todo trabalho feito possa ser colocado por água abaixo por decisões de terceiros.
Em entrevista à Rádio Mangabeira FM 104,9, o presidente da Raposa, Danylo Maia, recordou que desde o início do campeonato que vem alertando sobre esse tipo de situação.
– O Campinense foi o primeiro clube a sinalizar a insatisfação com a arbitragem. Estivemos dois meses atrás visitando a CBF, a Comissão de Arbitragem, e conversamos principalmente da partida contra a Aparecidense, especialmente para saber os critérios para saber das escalações de arbitragem. A arbitragem na partida em Campina contra a Aparecidense saiu da segunda divisão da Bahia, com todo respeito ao campeonato. Ele falou de alguns avanços, que buscavam com os presidentes da CBF, de investimentos com relação a tecnologia, e que iria ter um pouco mais de sensibilidade com relação à escala, e assim foi concluída a visita, e ele ponderou algumas coisas – explicou.
Danylo Maia relembrou que, por conta das reclamações que ele mesmo achou que foram ostensivas, foi punido pelo STJD com uma punição de 20 dias.
O mandatário rubro-negro também explicou que houve outro encontro com a Comissão de Arbitragem pouco tempo depois deste primeiro contato com Wilson Seneme, ex-árbitro e atual presidente da comissão, e que nesta vez foi até tocado no assunto da utilização do VAR, o árbitro de vídeo, na reta final da competição, pedido que foi negado para este momento do torneio.
– Pouco mais de um mês depois, estivemos em reunião com a CBF todos os presidentes da Série C e mais uma vez nos reunimos com Seneme e sinalizar sobre o comportamento da arbitragem para estas partidas, que são sempre decisões. Pedimos também a utilização do VAR, mas disseram que seria utilizado só no futuro. Mas a gente espera que nessa reta final a arbitragem passe despercebida, que faça o trabalho que tem que fazer – completou.
Em melhor situação na tabela, o Botafogo-PB também não está alheio a essa situação dentro da Série C do Campeonato Brasileiro, e o presidente Alexandre Cavalcanti também declarou que está atento a atuação dos homens do apito nesta reta final da competição.
Na última terça-feira (19), o dirigente explicou que, inclusive, falou com a presidente da Federação Paraibana de Futebol, Michelle Ramalho, e com a Comissão de Arbitragem da CBF, para que fossem tomadas providências nas rodadas finais para que sua equipe não fosse prejudicada, como já aconteceu, na avaliação do próprio Alexandre, recentemente, no gol de Leandro Camilo de cabeça que foi anulado contra o Floresta.
– Isso é uma preocupação que nós temos e estamos vigilantes nisso. Fiz uma ligação para Michelle Ramalho para que ela, junto com o presidente da Comissão de Arbitragem, ficassem atentos com relação a esses erros que vem sistematicamente acontecendo contra os times da Paraíba. A gente não se preocupa em má fé da arbitragem. O Botafogo-PB não quer privilégios, mas não quer ser prejudicado. Basta lembrar o gol de (Leandro) Camilo, aqui anulado, gol legítimo, pênaltis não marcados. Isso atrapalha um trabalho árduo, que a gente busca cada vez mais melhorar, e um erro desse prejudica demais. Estamos atentos a isso, já solicitei à Federação e à Comissão de Arbitragem para que fiquem atentos, não para que o árbitro venha para cá com medo ou sendo pressionado, mas para que ele venha tranquilo para apitar o que tem que ser apitado – comentou.
Dos nove nordestinos que jogam a terceira divisão, Belo e ABC estão no G8, o Vitória é atualmente o décimo colocado, e todos os outros seis brigam contra a queda. Caso o Brasil de Pelotas consiga evitar o rebaixamento, dificilmente os quatro que caem para a Série D do ano que vem deixarão de ser do Nordeste.